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Mulheres Inspiradoras

Pioneirismo nas alturas: conheça Camila Meggiolaro, a primeira piloto da Polícia Civil do Rio Grande do Sul

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Fotos: acervo pessoal/divulgação

 

Com 30 anos, Camila já soma várias conquistas nas alturas: começou a pilotar com apenas 18 anos, concluiu seu curso de Bacharel em Aviação Civil em 2011 e no ano seguinte já tinha permissão para ser instrutora de helicóptero.

Antes de se formar na Divisão de Operações Aéreas, passou pela Delegacia da Mulher de Canoas onde aprendeu a transmitir força e mostrar que as mulheres sempre são capazes de se reerguer.

Todos os ensinamentos acompanham seus passos até aqui. Atualmente, Camila está pronta para realizar atividades como operações policiais, combate à incêndios, resgate aquático e terrestre e atividades humanitárias – como o transporte de vacinas durante a pandemia.

A primeira piloto da Polícia Civil do Rio Grande do Sul encara os desafios com profissionalismo e determinação. Encorajada por Ada Rogato, pioneira da aviação no Brasil, ela busca inspirar outras mulheres a alcançarem os voos que desejam. Confira um bate-papo exclusivo com Camila e seja encorajada a chegar mais longe!

 

 1) Voar sempre foi o seu sonho? Você encontrou dificuldades para torná-lo realidade?

A paixão pela aviação, junto com a certeza de que um dia pertenceria a ela, iniciou-se na adolescência, quando eu consegui perceber que era possível tornar o sonho em realidade. Meus pais sempre me incentivaram muito e atribuo minha conquista à confiança deles por sonharem junto comigo. Dessa forma, as dificuldades foram superadas desde o começo. Não haveria nada mais forte do que a vontade de ser piloto de helicóptero.

 

2) Ser piloto é uma função historicamente masculina. O preconceito fez parte da sua caminhada? Como foi lidar com isso?

Fez, assim como faz em tantas outras profissões ainda com predominância masculina. Entretanto, isso nunca foi empecilho para me tornar o que sou hoje, muito pelo contrário. Eu gosto de viver desafios e conseguir desafiar a sociedade tornou a evolução ainda mais prazerosa. Em todas as situações procurei não levar a opinião das pessoas para o lado pessoal e, quando era possível demonstrar o meu lado profissional, independentemente do gênero, eu o fazia na intenção de mostrar o equívoco delas com aquele prejulgamento.

 

3) Dentro da aviação, você se inspira em outras mulheres que estão pilotando ou que já fizeram história?

Sim, Ada Rogato foi uma delas. Além de ser paulista, Ada voou por caminhos onde voei e o mais marcante deles é, sem dúvidas, o meu ninho chamado Campo de Marte, aeroporto onde me formei como piloto em São Paulo/SP. A coragem, o talento e a paixão lhe levaram ao pioneirismo em tantos fatos históricos da aviação. Sua história é marcada por lutas solitárias onde ela conseguiu as conquistas de forma direta, demonstrando uma autoconfiança que impressiona para a época em que os fatos foram vividos.

 

4) Você alcançou uma posição de pioneirismo na Polícia Civil do RS. Isto te motiva a encorajar outras mulheres a voar?

No dia em que eu deixar de incentivar outras mulheres a voar, não vou mais merecer ser piloto policial. Muito mais do que a função de servir e proteger a sociedade com a minha atribuição primária que é ser policial, eu tenho como propósito de vida mostrar às pessoas que absolutamente tudo é possível quando se tem determinação, disciplina, comprometimento e, o mais importante delas, fé. Eu amo o que eu faço, voar é magnífico, e poder mostrar isso incentivando-as é a melhor parte desse grande presente chamado vida!

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Fotos: acervo pessoal/divulgação

 

5) A aviação te ajudou a alcançar o amor-próprio e a autoconfiança no dia a dia?

Sim. Esse desafio entrou na minha vida de forma bastante prematura e, desde o início, eu precisei ser madura o suficiente para encará-lo. A autoconfiança te permite perceber do que você é capaz e pilotar um helicóptero, inicialmente, não é nada fácil. Se não tivesse desenvolvido a confiança e o amor-próprio na época inicial de formação, talvez não tivesse chegado até aqui.

 

6) Quais são as sensações que mais ficam em evidência quando você está “lá em cima”?

A liberdade e a gratidão. O fato de poder voar e olhar para o céu faz a sua percepção de vida mudar, sua conexão com aquilo que é Divino se torna mais forte. Você está ali conduzindo aquela aeronave e entendendo que, embora Deus não tenha te dado asas, Ele te deu o dom e, assim, a gratidão me permite dizer um “muito obrigada” por simplesmente ter tido a oportunidade de mais um voo.

 

7) Você gostaria de deixar uma mensagem para as mulheres que buscam chegar mais longe em funções e setores que os homens ainda são maioria?

Não desista! Blinde-se! Não coloque bloqueios naquilo que não existe e/ou não amplie os que são de conhecimento. Aceite esse desafio como algo que vai lhe fazer crescer e ajudar a construir o seu caráter. Lute incansavelmente pelo que você quer, faça um pouco todos os dias. Aproveite o processo, ele pode ser tão importante quanto o próprio resultado em sua vida.

 Gostou da entrevista? Compartilhe com outras mulheres que merecem ser inspiradas por Camila: amigas, familiares e colegas de trabalho. Buscar os sonhos, independente de quais sejam, é uma forma de “voar” cada vez mais alto e atingir a liberdade.