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Elas no mundo dos vinhos

Bianca Veratti é a prova de que as mulheres estão cada vez mais inseridas no mundo dos vinhos

Aromas, sabores, cores. O universo dos vinhos chega a ter uma complexidade que desperta a curiosidade de muitas pessoas. Mesmo sendo um ambiente predominantemente masculino, há muitas mulheres que se destacam profissionalmente nessa área. Uma delas é Bianca Veratti , especialisata em vinhos,  que, desde 2011, integra a equipe da Importadora Zahil, atuando como Diretora de Comunicação, bem como na área técnica como palestrante, na condução de treinamentos e no time de seleção dos produtos juntamente com os especialistas Jorge Lucki e Bernardo Silveira DipWSET. Tornou-se em 2016 a primeira mulher no Brasil a deter o “Diploma in Wine and Spirits”, pelo Wine & Spirits Education Trust de Londres – a principal referência mundial em educação de vinhos.
O que fazia antes de virar especialista em vinhos?
Eu sou formada em hotelaria e trabalhei por dez anos em hotéis de luxo de São Paulo como o Inter-Continental, Renaissance e Unique. Depois disso, resolvi tentar algo novo e comecei a organizar eventos para o Private Banking do Banco Votorantim. Apesar de não ter me encontrado na área financeira, foi lá que eu fiquei mais próxima do mundo do vinho e me encantei com a possibilidade de trabalhar com isso. Então decidi me profissionalizar, fiz os cursos da Wine & Spirits Education Trust e hoje tenho o Diploma de Especialista em Vinhos e Destilados por esta instituição.

 

A sua relação com o vinho começou quando? E por qual motivo decidiu entrar no mundo dos vinhos profissionalmente?

O vinho sempre foi a minha bebida preferida, mas comecei a me interessar profissionalmente a partir de 2008, nos jantares enogastronômicos do Banco Votorantim. A complexidade do assunto despertou a minha curiosidade (sou uma estudiosa nata), fiquei fascinada com a diversidade de estilos e como cada produtor de vinho tem uma história única. O vinho faz com que você aprimore os seus sentidos, se aproxime mais de você mesmo e dos outros. É algo realmente apaixonante.

 

Como é esse universo para as mulheres profissionalmente falando?

Existe uma diversidade enorme de atividades e há mulheres ativas em todas elas – desde enólogas, até jornalistas, sommelières e especialistas. Acredito que a função de sommelier pode ser um pouco mais desafiadora para as mulheres, não pelo conhecimento ou capacidade, pelo esforço físico, pois exige disponibilidade de horário para trabalhar à noite ou finais de semana, é necessário carregar caixas pesadas de vinho, ficar muito tempo em pé, etc. Por outro lado, há sommelières muito competentes e que amam sua profissão, portanto não há limites!

 

No Brasil, é um ambiente muito masculino ou é diversificado?

Profissionalmente falando, o mercado brasileiro ainda é predominantemente masculino. Acredito que isso se deva ao fato da profissionalização desta área ser muito recente, sendo que os primeiros cursos de vinho começaram na década de 1980 com a Associação Brasileira de Sommelier. Por ter sido um mercado que exigiu pouca formação profissional por muito tempo, as oportunidades apareceram inicialmente para os homens, já que as primeiras confrarias e círculos de degustação foram essencialmente masculinos, além de eles em geral terem uma disponibilidade financeira maior que as mulheres para custear vinhos, viagens e cursos. Este resquício ainda é sentido hoje, mas o crescimento de escolas no Brasil com cursos profissionalizantes e a quebra do paradigma que mulheres ‘gostam de vinhos docinhos’ têm aumentado exponencialmente a presença feminina neste ramo. Fora do Brasil, a atuação das mulheres é forte, vide a maior referência de vinhos hoje no mundo ser a Master of Wine inglesa Jancis Robinson.

 

E falando em mercado, qual a porcentagem/participação da mulher consumidora? O mercado tem olhado diferente para esse nicho ao produzir vinhos?

Nos Estados Unidos, o maior mercado de vinho do mundo, o consumo é bem equilibrado, sendo que o público feminino corresponde a 45% do mesmo. Infelizmente não existe uma pesquisa sobre este assunto no Brasil, mas percebemos uma quantidade crescente de mulheres interessadas em vinho.

Quanto à produção voltada para mulheres, o mundo do vinho é muito tradicional e, em geral, se trata de pequenos produtores que querem mostrar através do vinho a identidade da sua região de origem (ex. Toscana, Borgonha, Rioja etc.). Certamente existem marcas comerciais que fazem vinhos focados no publico feminino, mas a beleza do vinho é a sua forte relação com a terra onde foi gerado e fazer produtos muito comerciais tira o seu encanto. Onde eu vejo o potencial da mulher se tornar foco é na maneira como os produtores se comunicam com este público. O marketing que atrai a mulher é diferente que ao homem, pois ela valoriza mais o momento do consumo além de ser uma consumidora fiel, portanto pode vir a se tornar uma cliente recorrente daquela marca ou loja.

 

Qual dica que você dá para as mulheres que têm interesse em saber mais sobre o vinho, mas ficam, talvez, inseguras?

Primeiramente, permita-se provar vinhos de regiões, países e uvas diferentes daquelas que costuma beber. Existe uma diversidade enorme de estilos, um mais encantador que o outro. É como sapato: há um modelo para cada ocasião, por isso temos tantos pares no nosso armário! Portanto experimente, experimente, experimente e lembre-se daqueles que mais gostou e o porquê.

Em segundo lugar, procure conhecer mais sobre estas regiões, países e uvas. O jornal Valor Econômico, a revista Menu, rádios como CBN e Band News possuem colunistas sobre vinhos de alta competência e dão informação correta e séria. Há também um livro ótimo da Jancis Robinson MW chamado “Expert em vinho em 24 Horas”. É pequeno e de fácil leitura, ideal para quem quer iniciar no mundo do vinho.

 

E para as mulheres que querem se profissionalizar nesse assunto?

Invista em cursos como da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), Ciclo das Vinhas (da sommelière Alexandra Corvo) e Wine & Spirits Education Trust (WSET), a principal referência mundial em educação de vinhos, sendo um dos provedores a EnoCultura, onde dou aula. Procure desenvolver a técnica de degustação para avaliar a qualidade dos vinhos, pois o mercado está inflado de vinhos de baixa qualidade e precisamos saber indetificá-los.

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